A estudante Farrah Giovanna, 14, por exemplo, vem fazendo jornada dupla desde que teve início os preparativos para a turnê de Justin Bieber no Brasil. Ela pernoitou na calçada do estádio para comprar o ingresso do show, quando a venda foi iniciada há três meses, e desde quarta-feira, quatro dias antes do espetáculo que verá, está de volta ao local.
Para não perder aulas, Farrah montou um esquema de revezamento com o pai, o bancário José Foganholo, de 50 anos. “Eu tinha direito a umas folgas no trabalho e tirei para ficar aqui, na fila, enquanto ela está na escola”, conta Foganholo ao site de VEJA, sentado em uma barraca com capacidade para duas pessoas, onde tem dormido com a filha nesta semana.
Ao todo são 160 delas, de tamanhos variados, que guardam na fila o lugar de dezenas de adolescentes como Farrah. Algumas, caso de Claudia Quintiliano, de 14 anos, sacrificaram a escola para aguardar o ídolo de voz aguda e refrões grudentos. “Ela conseguiu que o colégio adiantasse a semana de provas para estar aqui sem correr o risco de ficar em recuperação no final do ano”, conta Noemi Ferreira, de 54 anos, mãe da menina. Que apoia a menina, mas com uma condição: tirar notas azuis. De tão determinada a não perder o show, veja o que Bieber pode fazer, Claudia esmerou-se nos estudos e saiu da maratona de exames com notas acima da média.
Mas nem tudo são flores. Na mesma escola onde conseguiu boas notas por causa do ídolo, Claudia sofre bullying por gostar de Bieber – gosto que se vê na camiseta, estampada com o rosto do cantor, na faixa que carrega com seu nome, na bandeira do astro que leva consigo e no título que dá a si mesma, “belieber”. “Chamam ele de afeminado”, a garota faz queixume sob os olhos da mãe, que aproveita para fazer as próprias queixas. “Às vezes, a Claudia fica até 3 da manhã buscando coisas de Bieber na internet e conversando com amigos do fã-clube”, diz. “E eu tenho um gasto fixo mensal com revistas, pôsteres e discos. É como se Bieber fosse um membro da casa.”
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